Viagem ao Brasil, 1865-1866

mais à mão. Este, porém, mais retirado, se encontra no fim de um estreito caminho que serpenteia pela mata, no alto duma colina cuja vertente oposta mergulha numa larga e profunda depressão, por onde corre um igarapé. Mais adiante, o terreno se alteia e ondula em linhas acidentadas onde a vista, acostumada com a paisagem uniformemente chata do Alto Amazonas, repousa com prazer. Vindo a época das chuvas, o igarapé, aumentado pela cheia do rio, banhará quase a base da pequena construção que, de cima da colina, domina atualmente o vale e o leito encravado desse estreito curso d’água, tão grande é a diferença de aspectos dos mesmos lugares nas estações seca e chuvosa.



Um outro sítio — Hábitos e costumes

A habitação se compõe de várias construções, das quais a mais importante é constituída por uma sala comprida e aberta, onde dançam as pessoas brancas de Ma-naus e seus arredores, quando vêm, o que não é raro, passar a noite no sítio em numerosa companhia; a índia velha que me faz as honras da casa conta-me esse detalhe com certo orgulho.

Um muro baixo, de três ou quatro pés mais ou menos de altura, delimita dos lados, essa galeria, e em volta estão colocados bancos de madeira; as duas extremidades são inteiramente fechadas por uma forte tapagem de folhas de palmeira muito lustrosas, tão delicadas quanto belas e de uma linda cor de palha. Numa delas, vê-se um imenso bastidor de bordar (por ventura igual ao de Penélope!) onde, neste momento, só está estendida uma rede de fibra de palmeira, obra inacabada da "senhora Dona" (a dona da casa). Esta concorda em me mostrar como trabalha no bastidor; ela fica de cócoras, num pequeno banco muito baixo, diante desta armação, e me faz notar que as duas fiadas transversais são