separadas por uma peça grossa de madeira envernizada, em forma de régua chata. Faz-me admirar, em seguida, umas redes de cores e tecidos variados que estão arranjando para maior comodidade dos visitantes; depois, enquanto os homens vão se banhar no igarapé, percorro o resto das instalações com a dona da casa e sua filha, uma índia muito bonita. É a mais velha das duas senhoras que dirige tudo, o dono da casa está ausente; tem no exército uma comissão de capitão (133)Nota do Tradutor.
Conversas com as índias
No correr da conversação, verifico um traço de costumes cuja singularidade me impressiona cada vez mais, tanto ele é geral, à medida que se prolonga a nossa permanência na Amazônia. Estou diante de pessoas de boa condição, embora de sangue índio, muito longe de serem necessitadas, vivendo com certa facilidade e, relativamente ao seu meio, quase ricas; pessoas entre as quais, por conseguinte, se esperaria encontrar o conhecimento das leis mais rudimentares da moral. Pois bem: quando me apresentaram a moça, como eu lhe pedisse notícias de seu pai, pensando que fosse o capitão ausente, a mãe me respondeu sorrindo e com a maior simplicidade: "Não tem pai; é filha da fortuna". Por sua vez a moça me mostra os seus dois filhinhos, duas criaturinhas um pouco menos escuras que a mãe, e, à minha pergunta se o pai estava também no exército, deu a mesma resposta ingênua : "Não tem pai". É