Viagem ao Brasil, 1865-1866

comum nas mulheres índias de sangue mestiço falarem a cada instante de seus filhos sem pai; isso num tom sem queixa nem tristeza, e pelo menos na aparência, sem nenhuma consciência de vergonha e de falta, como se o marido estivesse morto ou ausente. Ora, seria de estranhar que fosse coisa extraordinária: o contrário é que seria uma exceção entre a massa do povo. Quase nunca as crianças sabem coisa alguma sobre os seus pais. Conhecem apenas a mãe porque sobre ela recaem os cuidados e toda a responsabilidade, mas ignoram quem seja seu pai, e, realmente, não creio que à mulher ocorra a ideia de que ela e seus filhos tenham qualquer direito sobre tal homem.

Voltemos, porém, ao sítio. No mesmo terreno cuidadosamente tratado em que está situada a sala de que falei, se encontram, mais ou menos perto umas das outras, várias "casinhas", cobertas de palha e formando uma só peça; depois se segue uma construção pouco maior, de paredes de barro e chão de terra, que contém um ou dois quartos e cuja frente é guarnecida por uma varanda de madeira. São os apartamentos particulares-da dona da casa. Um pouco mais embaixo da colina, está a casa de farinha, com todos os utensílios para o preparo da mandioca. Nada mais bem cuidado que o terreiro desse sítio, onde umas três pretas foram postas a trabalhar, com umas vassouras feitas de galhos finos. Em volta dessas construções se estende a plantação de mandioca e cacau, onde também se veem aqui e ali alguns pés de café. É difícil calcular a área coberta por essas plantações, pois são irregulares e compreendem várias plantas — mandioca, cacau, café e mesmo algodão — misturadas sem ordem; esta plantação que estamos visitando parece, entretanto, como aliás todo o resto do sítio, ser mais vasta e bem tratada que as que comumente se veem. Nesse ínterim, voltaram os banhistas e pedimos licença para nos retirar, apesar dos repetidos