barulho e a vista do monstro cujo vapor, pela primeira vez, roncava era suas águas. Esta manhã, encheu-se uma canoa com os presentes de toda espécie que o Presidente traz para os índios, e desembarcamos em terra. O nosso desembarque se deu numa vasta praia e dirigimo-nos logo em seguida para a habitação do chefe, um velho de ar respeitável que estava de pé na soleira de sua porta para nos receber. É um conhecido antigo do major Coutinho, que o acompanhou outrora em sua exploração do Rio Madeira.
Índios Mundurucus. Seu aldeamento
Os habitantes dessa localidade são os Mundurucus e formam uma das tribos mais inteligentes e de boa vontade da Amazônia. São já por demais civilizados para que os possamos tomar como exemplo da vida selvagem nos índios primitivos. Todavia, como era a primeira vez que nos achávamos num aldeamento isolado e afastado de toda influência civilizadora, salvo um contato ocasional com brancos, essa visita tinha para nós um especial interesse. Nada de mais surpreendente que o tamanho e a solidez de suas casas, onde, entretanto, não entra um só prego. A armação é feita de troncos brutos unidos entre si por ligações feitas com os cipós compridos e elásticos, que são as cordas das florestas. O major Coutinho nos assegura que esses índios conhecem bem o emprego dos pregos nas construções; quando pedem, um ao outro, um cipó, dizem por brincadeira: "Passa um prego". A viga mestra do teto da casa do chefe não tinha menos de dez a doze metros de altura; o interior da casa era de proporções espaçosas. Arcos e flechas, remos e armas de fogo estavam apoiados à parede ou nela pendurados; as redes estavam suspensas ao canto, um dos quais se achava separado do espaço