Viagem ao Brasil, 1865-1866

restante por uma tapagem baixa de folhas de palmeira, e o forno de farinha de mandioca era contíguo à peça central. Cobrindo as portas e janelas, que são numerosas, há trançados de folhas de palmeira. Essa casa do chefe era a primeira de uma série do mesmo feitio, porém, pouco menores, formando um dos lados duma grande praça aberta, cujo lado oposto é preenchido por uma série igual de construções. Com algumas exceções, todas essas casas de índios estavam vazias, pois os seus habitantes só se reúnem no aldeamento duas ou três vezes no ano, em certas festas periódicas; no resto do tempo estão quase sempre espalhados pelos sítios e ocupados em trabalhos agrícolas. Quando chegam essas festas, porém, há uma reunião de várias centenas de indivíduos e as casas dão abrigo a mais de uma família. Então arranca-se o mato da praça grande, limpa-se o solo, varre-se e dispõe-se tudo para as danças da noite. Isso dura cerca de dez a quinze dias, após os quais todo o mundo se dispersa e cada qual volta ao seu trabalho. Atualmente só há no aldeamento umas 40 pessoas.



A igreja

O que vimos de mais curioso foi a igreja, situada na entrada do lugarejo e toda ela construída pelos índios. É um edifício muito grande, podendo conter de quinhentas a seiscentas pessoas; as paredes de barro são perfeitamente lisas por dentro e pintadas com tintas que os índios sabem extrair das cascas das raízes e dos frutos de certas plantas, ou duma argila especial. A parte perto da porta é completamente sem pintura e só se veem aí as fontes batismais grosseiramente feitas de madeira; mas a extremidade oposta é construída de modo a formar um santuário, onde dois ou três degraus