Viagem ao Brasil, 1865-1866

e não se limite a uma só classe, ordem, família, gênero, ou espécie, e abranja todo o reino vegetal em suas diversas combinações, creio que se possa tirar um especial proveito do seu estudo no grupo das palmeiras, por serem as folhas ao mesmo tempo muito volumosas e poucas nessas plantas. As palmeiras mais características e abundantes nas margens do Rio Negro são; javari (Astrocaryum javari), murumuru (A. murumuru), babaçu (Attalea speciosa), inajá (Maximiliana regia), bacaba (Oenocarpus bacaba), paxiuba (Iriartea exorhiza), carana (Mauritia carana), caranaí (M. horrida), ubim (Geonoma) e curuá (Attalea spectabilis). As duas últimas são as que se prestam a maior número de empregos. A notável piaçava (Leopoldinia piassaba) é encontrada bem acima da junção dos rios Negro e Branco; procuramos, contudo, um exemplar que havia sido plantado em Itatiassú. As numerosas espécies pequenas, como ubim (Geonoma), marajá (Bactris) e mesmo jará (Leopoldinia) desaparecem tão completamente na sombra das grandes árvores que só se lhes percebe a presença quando reunidas em massa, ao longo das barrancas das margens. Bussús (Manicaria), açaís (Euterpe), mucajás (Acrocomia), vicejam também nas margens do Rio Negro; mas falta determinar se as espécies são as mesmas das margens do Baixo Amazonas. O aspecto das diferentes espécies de palmeiras é tão característico que, do tombadilho do nosso navio, podiam ser assinaladas tão distintamente como os carvalhos verdes e as nogueiras tão fáceis de reconhecer no curso inferior do Mississipi, ou como as diferentes espécies de carvalhos, faias, bétulas e nogueiras que atraem a atenção de quem navega junto das margens dos nossos grandes lagos do Norte. É, entretanto, impossível discernir todos os tipos de árvores dessas maravilhosas florestas amazônicas. Isso em parte provem da sua extraordinária mistura. Na zona temperada temos florestas de pinheiros, florestas de carvalhos, de bétulas, faias, bordos, a mesma espécie cobrindo a mesma