Viagem ao Brasil, 1865-1866

é normal e permanente. Assim é que alguns animais são quase cosmopolitas, ao passo que outros estão circunscritos a limites relativamente estreitos. Embora numerosos quadrúpedes próprios dos Estados Unidos, por exemplo, difiram dos que habitam no México ou das que vivem no Brasil, constituindo assim outras tantas faunas distintas, um há, puma (conguar), nossa pantera do Norte ou leão vermelho, que se encontra a leste das montanhas Rochosas e dos Andes, desde o Canadá até a Patagônia.

Sistema hidrográfico. Alternância das cheias e das secas nos tributários do Norte e do Sul

O movimento das águas, que afeta tão fortemente a distribuição dos peixes, constitui em si um curiosíssimo fenômeno. Há, por assim dizer, uma correspondência rítmica entre as cheias e as vazantes dos afluentes de uma e outra margem do Amazonas. A massa das águas, no seu conjunto, oscila, por assim dizer, alternativamente de norte a sul e de sul a norte em sua maré semi-anual. Na vertente meridional da bacia, as chuvas começam nos meses de setembro e outubro; correm dos planaltos brasileiros e das montanhas da Bolívia com força crescente cuja violência aumenta à proporção que se adianta a estação chuvosa. Enchem os riachos e as torrentes, que se reúnem para formar quer o Purus, o Madeira e o Tapajós, quer os outros afluentes do sul, e suas águas descem gradualmente até o grande rio. O curso deles é, todavia, lento, pois o afluxo só se faz sentir em fevereiro ou março em toda a sua força no Amazonas. Em março, na região situada abaixo da embocadura do Madeira, por exemplo, o Amazonas sobe em média um pé em vinte e quatro horas, tal a quantidade d’água que recebe. No momento mesmo em que as chuvas caem no Sul, ou mesmo um pouco antes, em agosto e setembro, as neves dos Andes começam a derreter e descem para a planície.