boa gente e dar-lhes alguns presentes: colares, pequenas joias, facas, etc.; receberam-nos como velhos amigos e ofereceram-nos tudo o que a casa poderia possuir. Mas, se bem que sempre bem arranjada como outrora, a pequenina habitação apresenta um aspecto mais pobre. Não vi, desta vez, nem peixe seco, nem mandioca, nem farinha, e a dona da casa me disse que, depois que o marido partira, se tornou bem difícil manter a numerosa família.
A quantidade de plantas arrancadas pelas águas, arbustos, ervas, etc., que passam diante da nossa embarcação parada, é incrível; são verdadeiros jardins flutuantes, às vezes de meio acre de extensão. Algumas dessas jangadas verdejantes são habitadas; aves aquáticas nelas embarcam e de vez em quando animais de grande porte são arrastados com elas pela correnteza abaixo. O comandante me contou que, um dia, junto a um navio inglês, que estava ancorado no Rio Paraná, um desses jardins flutuantes foi carregado com dois pequenos veados que estavam sobre ele; a corrente lançou a ilha com os seus habitantes de encontro ao navio, e o capitão teve que receber os hóspedes que tão inesperadamente lhe vinham pedir guarida. No mesmo rio, uma outra ilha flutuante levou com ela um habitante menos amável: um grande tigre (sic) tinha-se agarrado à ilha e navegava majestosamente ao sabor da corrente; passava tão perto das margens, que podia ser distintamente percebido. Os habitantes dos pontos percorridos acorreram a vê-lo e tomaram as suas montarias para observar de mais perto, conservando-se embora a uma respeitosa distância. As principais plantas destacadas das margens são: a canarana (espécie de caniço selvagem), grande variedade de Aroidea aquáticas, Pistea, Ecornia e uma porção de graciosas Marsileáceas flutuantes.