Excursão ao Lago Máximo
18 de janeiro — Pusemo-nos hoje a procura da vitória-régia. Fizéramos constantes esforços para ver esse famoso nenúfar florindo em suas águas natais; mas, embora nos houvessem dito que abundavam os seus exemplares nos lagos e igarapés, nunca conseguíramos ver nenhum deles. Ontem, alguns oficiais de bordo fizeram uma excursão a uma lagoa vizinha e voltaram carregados de tesouros botânicos de toda espécie. Entre outras riquezas, havia uma imensa folha de nenúfar que, pelas suas dimensões, julgamos só poder pertencer à vitória-régia, embora faltasse o rebordo característico dessa planta. Esta manhã, acompanhados de dois dos excursionistas de ontem, que tiveram a gentileza de nos servir de guias, fomos ver esse lago. Uma curta caminhada a pé nos levou das margens do rio às dum grande lençol d’água, o Lago Máximo, que se comunica ao Ramos por uma passagem estreita, situada muito longe do ponto em que estamos ancorados; tanto assim que, para ir até lá de canoa, teria sido necessário fazer um grande desvio. Encontramos uma velha montaria com umas pangaias quebradas, abandonadas, segundo parece, na margem do lago para servir ao primeiro que chegasse, e embarcamos imediatamente.
Aves do lago
O Lago Máximo está cercado de florestas magníficas, que, no entanto, não descem até a beira d’água mas dela estão separadas por uma larga zona de ervas aquáticas. Vimos, nessa cercadura vegetal, grande número de aves aquáticas. Alguns troncos de árvores mortas lhes serviam de poleiro e os ramos estavam carregados de gaivotas, todas na mesma atitude e voltadas para a mesma direção, fazendo face ao vento que soprava