O drift nos arredores do Rio
À minha chegada ao Rio, primeiro porto em que desembarquei no solo do Brasil, minha atenção foi imediatamente atraída por uma formação particular, uma argila arenosa ocrácea extremamente ferruginosa. Durante uma permanência de três meses no Rio, fiz numerosas excursões em suas cercanias e tive ocasião de estudar esse depósito, não só na província do Rio de Janeiro como na província limítrofe de Minas Gerais. Vi que ele assenta sempre sobre a superfície ondulada de uma rocha sólida local, que é inteiramente desprovido de estratificação e contém certa variedade de seixos e de blocos. Os seixos são principalmente formados de quartzo, ora disseminados indistintamente na massa, ora acamados aglomeradamente entre o depósito mesmo e a rocha subjacente. Os blocos, ao contrário, são ora fincados nesse terreno, ora deixados aqui e ali na superfície do mesmo. Na Tijuca, a algumas milhas da capital do Império, no meio das colinas situadas a sudoeste da cidade, esse fenômeno é claramente visível. Perto do Hotel Bennett, existe um grande número de blocos erráticos; em parte alguma guardam conexão com a rocha local. Vê-se aí, também, um outeiro inclinado constituído por esse depósito superficial, misturado com blocos que repousam sobre a rocha metamórfica parcialmente estratificada (164)Nota do Autor. Em outros pontos ainda, sem nos afastar do Rio, é fácil obser-var tal formação; basta percorrer a Estrada de Ferro D. Pedro II. Os cortes abertos para a construção da via férrea produziram seções que põem admiravelmente a descoberto a massa homogênea e não estratificada da argila arenosa avermelhada deitada sobre a rocha sólida, sendo a separação entre ambas, às vezes, nitidamente traçada por um leito pouco espesso de seixos. Não deixa a menor dúvida a quem já se acha familiarizado pela observação em outras,