Correspondências geológicas
A princípio a asserção do major, de que eu encontratraria nas margens do Amazonas a mesma argila avermelhada das vizinhanças do Rio de Janeiro e das costas meridionais, parece-me inaceitável. Estava sob a influência das opiniões geralmente admitidas sobre o caráter de antiguidade que apresentam os depósitos amazônicos; Humboldt refere-os ao período Devoniano, Martius ao Triássico, e todos os viajantes os consideram pelo menos da idade do terciário. Os resultados, porém, confirmaram a opinião do Sr. Coutinho, no que diz respeito à composição material desses depósitos. De resto, como se verá adiante, o modo por que esse terreno se formou e a época em que se constituiu não foram os mesmos no Norte e no Sul; e a diversidade dessas circunstâncias modificou o aspecto duma formação que é, aliás, essencialmente a mesma. À primeira vista, poder-se-ia acreditar que ela se apresenta, no Amazonas, idêntica ao que é nas cercanias do Rio de Janeiro; mas uma difere da outra na raridade dos blocos e pelos traços de estratificação que aquela apresenta ocasionalmente. Está também toda superposta a depósitos grosseiros bem estratificados, que se parecem um pouco com os recifes de Pernambuco e Bahia, ao passo que o drift não estratificado do Sul assenta imediatamente sobre a superfície ondulada das rochas, quaisquer sejam, estratificadas ou cristalinas, que constituem o substrato da região. O grés característico que suporta a argila amazonense não existe em outra parte. Mas, antes de descrever detalhadamente os depósitos das margens do Amazonas, devo dizer algumas palavras sobre a natureza e a origem do seu próprio vale.
Formação primitiva do vale amazônico
O vale do imenso rio esboçou-se a princípio pela elevação de duas faixas do continente, isto é, do planalto da Guiana