Viagem ao Brasil, 1865-1866

no norte e do planalto central do Brasil ao sul. É provável que, na época em que esses dois planaltos se soergueram acima do nível do oceano, os Andes ainda não existissem. Havia apenas um grande estreito através do qual passavam as águas do mar. Parece, e este é um resultado dos estudos modernos da geologia, que as partes da superfície terrestre que primeiro despontaram das águas do oceano, tinham tendência a se orientar de leste para oeste. O primeiro trecho do continente norte-americano que emergiu acima do oceano foi também uma longa ilha continental, estendendo-se desde a Terra Nova até quase as bases atuais das Montanhas Rochosas. Essa tendência pode ser atribuída a variadas causas: — à rotação da Terra, à consequente depressão dos polos e à ruptura da crosta no centro das linhas de maior pressão assim produzidas. Num período posterior, deu-se o soerguimento dos Andes. Essa alta cadeia veio fechar o estreito pelo lado de oeste transformando-o num golfo voltado para o leste. Nada ou quase nada se sabe a respeito dos depósitos estratificados mais antigos que assentam sobre as massas critalinas, que se ergueram originariamente ao longo dos limites do vale. Não existe aqui, como na América do Norte, sucessão de terrenos, — azóico, siluriano, devoniano e carbonífero, — emergindo um após outro pelo soerguimento gradual do continente. Tanto aqui como lá, no entanto, e o fato está fora de dúvida, os terrenos mais antigos das épocas paleozóica e secundária constituem a base das formações subsequentes. O major Coutinho encontrou mesmo depósitos paleozóicos contendo braquiópodos característicos no Vale do Tapajós, em sua primeira cachoeira, e foram assinalados depósitos carboníferos ao longo do Guaporé e do Mamoré.



Primeiro capítulo da história do Vale do Amazonas

O primeiro capítulo, porém, da história geológica do vale sobre o qual possuímos dados autênticos, que se encadeiam,