Peixes cretáceos do Rio Purus
Além dos fósseis de que já falei, tive recentemente outra prova da existência do cretáceo na parte meridional da Bacia do Amazonas. Em seu regresso de uma longa viagem ao Rio Purus, o Sr. William Chandless presenteou-me com uma coleção de restos fósseis do mais alto interesse, pertencentes incontestavelmente ao período cretáceo. Ele mesmo os escolheu no Rio Aquiri, afluente do Purus. A maior parte deles foi encontrada entre 10° e 11° de latitude sul e entre 67° e 69° de longitude oeste de Greenwich, em localidades cuja altitude varia de 130 a 200 metros (430 a 650 pés) acima do nível do mar. Entre eles aparecem fragmentos de Mosasáurios e peixes aparentados com os já representados por Faujas em sua descrição de Maestricht. Ora, todos os que estudam geologia sabem bem que tais fósseis são característicos do período cretáceo mais recente.
Comparação entre as Américas do Norte e do Sul
Por conseguinte, o Vale do Amazonas é, como o Vale do Mississipi, pelos seus traços gerais, uma bacia cretácea. Tal semelhança sugere a ideia de levar-se mais longe a comparação entre os dois continentes gêmeos da América do Norte e da América do Sul. Não só a forma geral deles é a mesma, como a sua ossatura, se se pode assim dizer — isto é, as suas massas de grandes cadeias de montanhas e de planaltos com depressões intermediárias — apresenta uma notável semelhança. Um zoologista, acostumado a procurar através de todas as modificações da forma nos animais a identidade de estrutura, é levado positivamente a retomar os seus estudos de homologias quando vê a coincidência que existe entre certos traços físicos da parte norte e da parte sul do Hemisfério Ocidental. Claro está, aqui como em toda parte, essa correspondência se combina a um indi-vidualismo marcado e visível de que resulta o caráter próprio