Viagem ao Brasil, 1865-1866

Diferença do drift do Amazonas para o do Rio de Janeiro

Esse depósito essencialmente é o mesmo do Rio de Janeiro, mas se apresenta no Norte sob aspecto um tanto diferente. Como no Rio, trata-se de uma massa argilosa contendo mais ou menos areia, de cor avermelhada, porém variando do ocre carregado ao castanho escuro. Não é aí tão absolutamente desprovida de estratificações como nas regiões meridionais, embora sejam raros os traços de estratificação e, quando ocorrem, fracos e indistintos. Os materiais que o formam são mais completamente reduzidos e, como disse acima, quase que não contém fragmentos muito grandes, se bem que neles se encontrem às vezes seixos de quartzo disseminados na massa e, ocasionalmente, um delgado leito de seixos se intercale mesmo entre a formação e o grés subjacente. Em alguns pontos, esse leito de seixos intercepta a massa de argila e dá-lhe um incontestável caráter de estratificação. Não há dúvida que tal formação mais recente repousa discordantemente sobre o arenito que a suporta, pois enche todas as desigualdades da superfície desnudada deste, quer sejam sulcos mais ou menos limitados, quer largas depressões onduladas. Pode ser observada em qualquer ponto, ao longo das margens do rio, acima dos arenitos estratificados, servindo às vezes de apoio à vaza acumulada pelo rio. Na estação das enchentes é a única formação que fica a descoberto acima do nível do rio. A sua espessura não é considerável; varia de seis ou nove metros a 15 (20 ou 30 pés a 50) e pode atingir mesmo uma altura de 30 metros (cem pés), mas isso é uma raridade. Evidentemente, outrora, essa formação foi, também ela, contínua e se estendia num nível uniforme sobre a superfície toda da bacia amazônica. Se bem que haja sido estreitada em muitos pontos e mesmo desaparecido inteiramente em outros, pode-se achar facilmente a conexão existente entre os seus vários fragmentos, pois é sempre visível não somente nas