e todos aqueles suficientemente divididos para ficarem em suspensão nas águas. Pouco a pouco, ela os veio depositando sobre o fundo da bacia em camadas horizontais mais ou menos regulares, e, aqui e ali, onde quer que se produzissem redemoinhos e contra-correntes aumentando e tumultuando o curso das águas, dando-se então uma estratificação torrencial. Assim se consolidou, no decorrer dos séculos, a formação contínua de arenito que se estende por toda a superfície da Bacia do Amazonas, alcançando aí uma espessura de 250 metros.
Enquanto que tais acumulações se davam, não se deve esquecer que o mar batia de encontro às bases da muralha externa, da morena gigantesca que suponho haver fechado o lado oriental. Seja sob a sua pressão, seja pela ação de alguma violenta perturbação interna, uma brecha se abriu nesse dique e as águas se precipitaram furiosas. Talvez, também, no lago, aumentado ao mesmo tempo pela fusão dos gelos e pelas torrentes somadas à sua massa pelos tributários e pelas chuvas, com o fundo alteado pelo acúmulo dos materiais de transporte, as águas hajam transbordado dos diques e contribuído assim para a destruição da morena. Seja como for, a consequência das minhas premissas é que, em definitivo, as águas se lançaram subitamente em direção ao mar com uma violência que erodiu, arrebatou, desnudou os transportes já formados, usando-os até um nível muito inferior e deixando apenas de pé alguns monumentos sólidos para resistir à ação das correntes. Tal a origem das colinas de Monte Alegre, Óbidos, Almeirim, Cupati, assim como das cadeias menos elevadas de Santarém. Essa erupção das águas não havia, aliás, esvaziado inteiramente a bacia, pois ao período de desnudação se seguiu ainda um período de acumulação, durante o qual se depositou a argila arenosa ocrácea que repousa sobre as superfícies desnudadas do grés subjacentes. É a esse período que eu refiro os blocos de Ererê, mergulhados na argila do depósito final. Suponho que hajam sido transportados para a sua atual