Saint-John sobre as formações do Vale do Paranaíba, formou-se-me a convicção de que as mudanças precedentemente descritas são apenas uma pequena parte da obra destrutiva realizada pelo mar no litoral nordeste desse continente. Um exame mais aprofundado do litoral levará a descobrir, não tenho a menor dúvida, que uma faixa de terra de mais de cem léguas de largura, estendendo-se do Cabo de São Roque ao extremo norte da América Meridional, foi da mesma forma destruída pela erosão oceânica. Assim sendo, o Paranaíba e os rios da província do Maranhão, situada a nordeste, foram outrora tributários do Amazonas. Tudo o que sabemos do caráter geológico de seus vales concorre para provar que foi realmente assim. Uma desnudação tão extraordinariamente extensa deve ter carregado para longe não somente a morena gigantesca formada pela geleira, como também o próprio terreno que outrora suportava esse dique. Se a morena terminal desapareceu, não há motivo, porém, para que não se encontrem fragmentos de morenas laterais, e, espero descobrir na minha próxima visita à Província do Ceará, traços da morena lateral do sul nas proximidades da capital.
Previsões
Passei os quatro ou cinco últimos anos realizando nos Estados Unidos uma série de pesquisas sobre as desnudações e suas relações com o período glaciário nesse país, assim como estudando os avanços do oceano sobre os depósitos drífticos das costas do Atlântico. Se esses trabalhos houvessem sido publicados em seus detalhes e acompanhados de cartas, ser-me-ia mais fácil explicar os fatos que acabo de observar no Vale do Amazonas. Tê-los-ia facilmente ligado aos do mesmo gênero que se observam no continente norte-americano, e teria mostrado que uns e outros apresentam notável correspondência com os fenômenos glaciários