Viagem ao Brasil, 1865-1866

corriam e abriram seu caminho para o mar. Quando atingiram o oceano produziu-se um novo fenômeno, o antagonismo entre o fluxo do rio e o refluxo das marés, entre os aluviões do continente e as erosões do mar. Isto dura ainda até hoje. A ele é que se deve a formação dos rios do Leste dos Estados Unidos com seus largos estuários abertos: o James, o Potomac, o Delaware, o Cheesapeake. Todos esses estuários são represados pelo drift como o são também, nos seus cursos inferiores, os rios que ali deságuam. Por pouco que o drift se estenda longe por baixo do oceano e que a região seja baixa e plana, o avanço do mar produz não somente vastos estuários como também estreitos e baías profundas, de que resultam, no litoral, os mais salientes recortes. Citarei como exemplo a Baía de Fundy, a de Massachusetts, o estreito de Long-Island; poderia ainda citar outras. Vestígios incontestáveis da ação glaciária sobre todas as ilhas do litoral da Nova-Inglaterra, — e essas ilhas estão, muitas vezes, a distâncias consideráveis da terra firme _ dão uma ideia aproximada, porém mínima, da distância que outrora ocupava o drift em direção ao mar e da invasão subsequente das águas do oceano sobre o continente. Como as da Baía de Pará, todas essas ilhas apresentam a mesma estrutura que a terra firme e fizeram corpo com ela num dado período muito remoto. Todas as ilhas penhascosas ao longo da costa do Maine e do Massachusetts apresentam traços glaciários em todos os pontos em que o drift foi banhado pelas águas e o terreno subjacente desnudado. Onde o drift persiste, o seu caráter indica que ele foi outrora contínuo de uma ilha para outra e das ilhas para o continente.

Difícil é precisar os limites primitivos do drift glaciário, mas creio que se poderia provar que ele unia os bancos da Terra Nova a terra firme; que as ilhas de Nantucket, Marta, Vinsyard e Long Island fizeram parte do continente; que, igualmente, a Nova Escócia, inclusive Sable Island, esteve outrora unida à costa meridional do Novo Brunswick