O caminho da montanha é selvagem e pitoresco; ladeado de imensos blocos, ensombrado de árvores e cheio dos sons argentinos das pequenas cascatas que saltam de pedra em pedra. Neste clima, uma estrada assim in-terrompida por uma série de rochedos é particularmente bela devido ao vigor luxuriante da vegetação. Plan-tas trepadeiras curiosíssimas, arbustos, até mesmo árvores crescem por todos os pontos em que podem encontrar terra suficiente para fincar as suas raízes, e alguns desses rochedos isolados são verdadeiros oásis de vegetação. Um desses blocos imensos está caído sobre a estrada e de sua massa sai uma palmeira toda coberta de lianas e trepadeiras. Entre as plantas nativas, as mais interessantes são: o genipapo (Genipa brasiliensis) a imbaúba (Cecropia), a carnaúba (Copernicia cerifera), o catolé (Attalea humilis) e o pau d’arco (Tecoma speciosa). Este último assim se chama pelo fato de os índios fazerem seus arcos com a sua madeira dura e elástica. Embora exóticos, a bananeira, o coqueiro, a laranjeira, o algodoeiro e o cafeeiro se mostram muito abun-dantes. A cultura do cafeeiro, que cresce admiravelmente nos flancos de todas as serras, constitui aqui grande fonte de prosperidade; mas, pelo menos nos sítios que visitamos, é difícil se fazer uma ideia da extensão das plantações pela maneira irregular com que são feitas. A produção é, no entanto, considerável e o café de superior qualidade.
Achei a subida da serra, que é muito escarpada, fatigantíssima. As pessoas que vivem nas montanhas vão e voltam constantemente, mesmo com os seus filhos, a cavalo ou em burro; os nossos cavalos, porém, habituados ao calçamento das cidades, não tinham o pé montanhês, e preferimos não nos utilizar deles, tendo as chuvas ainda por cima tornado o caminho pior e mais esburacado do que nunca. Uma excursão nas montanhas,