Viagem ao Brasil, 1865-1866

Ao cair da tarde, fomos contemplar o pôr do sol escalando um rochedo colossal que estacou, não se sabe como, em sua descida pela vertente da montanha. Projeta-se do lado dos rochedos e domina um cenário mais extenso do que o que se vê da casa situada mais em cima. Durante o tempo em que estivemos de pé sobre essa enorme massa de pedra, não pude dominar o pensamento de que, assim como ela estacara sem razão em sua descida, também podia partir de novo a qualquer momento e nos transportar para o fundo do abismo e com rapidez nada agradável.

10 de abril. — Voltamos para Pacatuba ontem, depois do meio dia. A descida da serra se fez muito mais rapidamente e com muito menos fadiga do que a subida. Teríamos gostado de ceder aos convites dos nossos hospedeiros, prolongando a nossa estada entre eles e desfrutando por mais tempo de sua boa hospitalidade. Mas tínhamos o tempo contado, e receamos perder o navio. As amáveis atenções de Dona Maria prolongaram-se além de sua casa, pois, apenas havíamos tomado posse de nossa habitação abandonada, em Pacatuba, e um excelente jantar — galinhas, carne de vaca, legumes, etc. chegou-nos trazido na cabeça de dois negros. Quando vi a carga que esses dois homens tinham transportado tão rapidamente pelo mesmo caminho que eu acabara de descer, rolando, saltando, cambaleando, escorregando, de todas as maneiras enfim, exceto andando como uma pessoa normal, eu invejei a agilidade e a segurança de movimentos desses negros rudes, seminus e descalços. Hoje deixaremos Pacatuba e retomaremos o caminho da fazenda do Sr. Franklin, para voltarmos à Cidade do Ceará.