era maior. Os cadáveres esperavam pelo enterro numa saleta em que os ratos se regalavam, e um médico, que depois ocupou distinta posição, contou-nos que, muita vez, quando ia buscar ali material para seus estudos anatômicos, teve a vida em perigo nessa sala dos mortos e só com muito custo enxotava os impudentes visitantes. Eis o que era a Misericórdia na época em que o Brasil conquistou a independência. Vejamos o que é hoje: no mesmo terreno, porém ocupando maior área, se ergue o atual hospital, que mais tarde se comporá de três edifícios paralelos, de comprimento proporcional à sua largura, reunidos por corredores e separados por áreas internas. O pavilhão central, destinado aos homens, já foi entregue aos doentes faz muito tempo. O pavilhão de frente, que dá para a baía, está quase concluído; destina-se aos depósitos, às salas dos médicos, dispensários, etc.; finalmente, o terceiro corpo do edifício, ainda não começado, se destinará às mulheres e crianças, atualmente relegadas ao antigo prédio. Examinemos agora o pavilhão central; nele se entra por um espaçoso vestíbulo pavimentado de mármore; um segundo vestíbulo, menor, comunica com duas salas públicas, onde são dadas as consultas e gratuitamente fornecidos os remédios; uma larga escadaria de madeira escura leva a vastos corredores, para os quais se abrem as salas, e que recebem luz dos viçosos jardins cercados pelos pavilhões. Nesses jardins, os doentes podem passear à vontade e descansar na sombra. Fomos recebidos, na primeira sala, por uma irmã de caridade que, na ausência da superiora, está encarregada de mostrar o estabelecimento. A descrição de uma sala dá a conhecer todas as demais, pois são todas iguais. São peças compridas de teto alto, onde os leitos se arrumam de cada lado, um em frente a outro, separados por uma passagem larga e cômoda, e unidos aos pares; cada par