Viagem ao Brasil, 1865-1866

parte alguma vi, para as pessoas do meu sexo, condição tão triste como a das mulheres dessas localidades. É uma existência horrivelmente monótona, privada desses prazeres sadios que nos proporcionam vigor; um sofrimento passivo, entretido é verdade mais pela falta absoluta de distrações do que por males positivos, mas que nem por isso é menos deplorável; um estado de completa estagnação e inércia.

Além do vício dos métodos de ensino, há também uma ausência de educação doméstica profundamente entristecedora: é a consequência do contato incessante com os criados pretos e mais ainda com os negrinhos que existem sempre em quantidade nas casas. Que a baixeza habitual e os vícios dos pretos sejam ou não efeito da escravidão, o certo é que existem; e é estranhável se verem pessoas, aliás, cuidadosas e escrupulosas em tudo o que se refere aos filhos, deixá-los constantemente na companhia de seus escravos, vigiados pelos mais velhos e brincando com os mais moços. Isso prova quanto o hábito nos torna cegos mesmo para os mais evidentes perigos; um estrangeiro vê logo os perniciosos resultados desse contato com a grosseria do vício; os pais, no entanto, não se apercebem disso. Na capital, tais perigos já são menores, pois todos os que conheceram o Rio de Janeiro de há 40 anos atrás, são acordes em proclamar as notáveis melhoras que se deram nos costumes sociais. Não devo esquecer de dizer que a mais alta de todas as autoridades do país se pronunciou em favor da educação liberal da mulher. Todos conhecem que a instrução das princesas imperiais não foi apenas superintendida, mas também, em parte, ministrada pessoalmente pelo pai.



Asilo dos Cegos

8 de julho. — Agassiz foi hoje visitar o Asilo dos Cegos; não o pude acompanhar, mas transcrevo as suas