como forma exclusiva de alimento, com grotescas procissões de rua, carregando círios acesos e enfeites baratos. Enquanto o povo não reclamar outro gênero de instrução, irá se deprimindo e enfraquecendo. Exibições dessa espécie se veem, por assim dizer, todos os dias, em todas as grandes cidades do Império; interrompem o curso das ocupações comuns e tornam os dias de trabalho, não a regra, mas a exceção. É impossível dissimulá-lo; não existe absolutamente no Brasil uma classe de padres trabalhadores, cultos, como os que honram as letras nos países do Velho Mundo; não há, instituições de grau superior ligadas à Igreja; a ignorância do clero é geralmente universal, a sua imoralidade patente, sua influência extensa e profundamente arraigada. Há, sem dúvida, honrosas exceções, mas são em número por demais reduzido para elevar a dignidade da classe em que se produzem. Todavia, se a sua vida privada dá margens a censuras, os padres brasileiros se distinguem pelo seu patriotismo; em todos os tempos ocuparam altas funções públicas, na Câmara dos Deputados, no Senado, junto mesmo do Trono; e, até agora, o seu poder não se exerceu em favor das tendências ultramontanas. De resto, a liberdade de pensamento em matéria religiosa parece coisa bem rara no Brasil; duvido que haja nisso ceticismo e antes quero crer o contrário, pois, instintivamente, os brasileiros são mais inclinados à superstição que à dúvida. O constrangimento em matéria de crenças repugna, aliás, profundamente ao espírito de suas instituições e costumes; deixam-se os pastores protestantes pregar em inteira liberdade; mas em geral o protestantismo não atrai os povos meridionais, e duvido que esses missionários obtenham algum dia um amplo sucesso. Como quer que seja, todos os amigos do Brasil devem desejar que os seus padres atuais cedam lugar a um clero mais moralizado, inteligente e trabalhador.