Viagem ao Brasil, 1865-1866

dos mercados ingleses; mas perdeu logo essas vantagens, pois os estados do Sul dos Estados Unidos adquiriram com extraordinária rapidez um monopólio quase exclusivo do produto. Favorecido por circunstâncias excepcionais, a América do Norte conseguiu, depois de 1846, fornecer o algodão a tal preço que toda competição se tornou impossível; a cultura dessa planta foi quase abandonada em todos os demais países. O Brasil, porém, persistiu. Sua produção anual continuou a progredir, com firmeza se bem que lentamente, não diminuindo mesmo diante da cessação do tráfico. E, seja dito de passagem, é de notar mesmo um acusado aumento anual da produção após a abolição do tráfico. Quando a guerra rebentou em nossos Estados do Sul, o Brasil se encontrou, portanto, preparado para dar um impulso considerável à cultura de um produto então procurado como pão em tempo de fome. A despeito da escassez de população, obstáculos de todas as empresas industriais, procuraram-se braços, e o que é mais importante, braços livres para tal fim. Parece que se considerou ponto de honra mostrar o que se podia fazer em semelhante emergência. Províncias como São Paulo, onde nunca se havia plantado um pé de algodoeiro, outras como Alagoas, Paraíba do Norte, Ceará, onde a cultura havia sido abandonada, produziram quantidades tão extraordinárias que se estabeleceram duas linhas de vapores entre Liverpool e essas províncias, que prosperaram graças aos fretes pagos pelo algodão. É preciso notar que, durante esse tempo, o Brasil sentiu falta de braços, que não recebeu capitais de fora para tal empresa, que não importou nem coolies nem chineses, que, pouco tempo depois, irrompeu a guerra com o Paraguai, e, no entanto, a produção algodoeira quadruplicou e quintuplicou. O fato foi julgado tão interessante no ponto de vista dos industriais que, na Exposição Universal de Paris, foi concedido um prêmio especial ao Brasil por ter abastecido largamente