Viagem ao Brasil, 1865-1866

das rochas locais, e que é encimada por uma massa de argila arenosa, vermelha, não estratificada, contendo blocos erráticos disseminados aqui e ali na massa. A espessura desse drift atinge até 50 metros.

Depois de muitos meses de exploração nos arredores do Rio, o Sr. Agasiz, em companhia do major Coutinho, se dirigiu para o Amazonas.

Antes dessa exploração na imensa bacia, só se possuíam noções muito vagas sobre a sua composição geológica. Spix e Martius haviam feito aí algumas observações, 40 anos antes; De Castelnau, por seu lado, havia fornecido algumas notas; e, baseado também nos trabalhos do Humboldt sobre o Orenoco, o Sr. Foetterlé, de Viena, publicou em 1845, uma carta geológica da América do Sul, na qual colocou todo o Vale do Amazonas e seus tributários como ocupados por terrenos terciários. No ensaio da Carta geológica da Terra, que publicou em 1862, deixou em branco a maior parte da Bacia do Amazonas, suprimindo inteiramente o terreno terciário do Império do Brasil, onde esse terreno na sua opinião parecia não existir. Só refere, é verdade que na dúvida, as formações que se estendem da foz do Rio São Francisco à do Amazonas ao mais recente grés vermelho e, além disso, estendeu essa formação, que havia sido designada por vários exploradores com o nome de grés brasileiro, a toda parte ocidental do Brasil. Quanto a isso, parece que não teve razão, pelo menos quanto às províncias de Pernambuco, Ceará, Piauí e Maranhão.

Pensa o Sr. Agassiz que todo o Vale do Amazonas se formou no fim do período cretáceo, que deixou traços de depósitos na Província do Ceará e no Alto Purus. Seja em consequência de inundação, seja por deslocamentos anteriores, veem-se aqui e ali rochas mais antigas. Assim o major Coutinho encontrou braquiópodos paleozóicos na rocha que forma a primitiva cachoeira do Rio Tapajós; fósseis carboníferos foram recolhidos nas