Viagem ao Brasil, 1865-1866

margens dos rios Guaporé e Mamoré, em Mato Grosso; e, finalmente, em Manaus, Coutinho reconheceu ardósias e filades, em posição muito inclinada e por baixo das formações de grés vermelho no Vale do Amazonas.

Durante todo o período dos depósitos terciários, essa região parece ter ficado fora d’água e formado uma terra firme, pelo menos os Srs. Agassiz e Coutinho não encontraram um único traço de rochas terciárias em toda a Bacia do Amazonas. Somente com a época quaternária teria começado a formação das rochas que cobrem toda essa imensa bacia. Eis (fig. a pág. 449) um perfil ideal que resume todas as observações dos Srs. Agassiz e Coutinho. Esse perfil e sua exploração foram feitas pelo Sr. Agassiz.

1 — Areia grosseira, formando a base do drift em todos as pontos em que o nível das águas deixou a descoberto as camadas inferiores das argilas plásticas.

2 — Argila plástica (mosqueada) observada em grande escala ao longo das costas, do mar até à Cidade do Pará, na Ilha de Marajó, no Maranhão e, de vez em quando, nos baixos ao longo do curso do Amazonas. Nessa camada, é que existem as florestas inundadas, isto é na sua superfície é que jazem as florestas submersas de Soure e de Vigia, na embocadura meridional do Amazonas.

3 — Argila folheada de camadas muito delgadas, com frequentes indicações de clivagem. Esse depósito parece mais considerável no curso do Rio Solimões do que na porção inferior do Amazonas. Foi, nessas camadas, em Tocantins, nas margens do Solimões, que o Sr. Agassiz encontrou folhas de plantas dicotiledôneas, que pareciam idênticas às espécies atualmente vivas do Vale do Amazonas.