e os Andes que nunca visitei. Pouco a pouco, foi-me vindo a ideia de que bem poderia eu passar um verão no Rio de Janeiro, e, com as facilidades que se têm hoje para viajar, não seria isso uma empresa além das forças de minha esposa... Ficou, portanto, assentada a viagem, mas o que excedeu aos meus desejos e nem sequer eu poderia esperar, foi que um amigo meu, o Sr. Nath Thayer, facilitaria os meios de transformar uma simples excursão de recreio numa grande expedição científica em benefício do Museu de Cambridge.
Encontrei por um acaso, há oito dias, o Sr. Thayer em Boston. Gracejou comigo um momento sobre as minhas tendências erráticas, e, depois de indagar quais os preparativos que fizera no Museu para a viagem, respondi-lhe que, pensando antes de tudo na minha saúde, só cuidara das minhas necessidades e de minha esposa para uma ausência de seis a oito meses. Travou-se então o seguinte diálogo:
— Mas, Agassiz, nem parece você. Até agora você não dava um passo fora de Cambridge sem pensar no Museu...
— Meu caro, estou fatigado e preciso de descanso; vou vadiar no Brasil.
— Mas é que, quando você tiver vadiado 15 dias, estará mais disposto do que nunca e lamentará, então, amargamente, não ter feito nenhum preparativo para aproveitar a ocasião e o local em benefício de seus trabalhos científicos.
— Já o previa, mas nada posso gastar além das minhas despesas particulares, e, nos tempos que correm, não é justo propor a quem quer que seja um sacrifício pela ciência. O país exige atualmente todos os nossos recursos.
— Mas se lhe oferecessem um auxiliar naturalista, sem despesas de sua parte, aceita-lo-ia e gostaria de lhe dar trabalho?