Por Brasil e Portugal

Antonio Vieira, para dar a Deus as graças pela vitória; para aconselhar ao conde da Torre e aos tripulantes da grossa armada de 1639; para rejubilar-se com o governo fecundo do marquês de Montalvão; para animar os moradores tomados de horror ante o incêndio dos engenhos do recôncavo; e depois, em Portugal, para onde fora como um dos embaixadores da gente brasileira, para obrigar os súditos à obediência e à colaboração, com D. João IV, o restaurador.

Os sermões de então foram um dia, no Maranhão e na Bahia, por ordem do Geral dos jesuítas, revistos pelo insigne pregador. Constituem, ainda hoje, os documentos mais vibrantes e belos daquele período histórico em cujas sombras crepúsculo e aurora se confundem, dinastias velhas e novas se embaraçam, Holanda, Espanha e Portugal se chocam, e respira, em ideais mal definidos, a primeira afirmação de sua vida moral à pátria que madrugava, o Brasil tão amado de Vieira...

Esse religioso "mazombo" (como uma feita se intitulou com ironia) poderia ter sido um dos maiores vultos da humanidade, na linha dos estadistas seus contemporâneos, como Richelieu e Olivares, Castelo Melhor e Vauban e Colbert... Renunciou às glórias pela disciplina eclesiástica, e para ser apenas jesuíta não perseverou na carreira política e na diplomacia, que lhe franqueara a confiança de D. João IV, seu amigo e confidente. Deslumbrou as cortes europeias com a sua dialética e à própria capela pontifícia, em Roma, levou as exuberâncias de sua oratória; mas de passagem, para servir,