Por Brasil e Portugal

Importa pois que não roube a negociação o que se deve ao merecimento; que se desenterrem os talentos escondidos que sepultou a fortuna, ou a sem-razão; que não haja benemérito que não seja bem afortunado; que se corte a língua à fama, se for injusta; que se qualifiquem papéis; que se examinem certidões, que nem todas são verdadeiras. Se foram verdadeiras todas as certidões dos soldados do Brasil, se aquelas rumas de façanhas em papel foram conformes a seus originais, que mais queríamos nós? Já não houvera Holanda, nem França, nem Turquia; todo o mundo fora nosso.

V

Não pretendo dizer com isto que não merecem muito os soldados desta guerra, porque antes tenho para mim, como é opinião de todos, que não há soldados no mundo, nem que mais valentes sejam, nem que mais sirvam, nem que mais trabalhem, nem que mais mereçam. Já outra vez tive este pensamento, e agora me torno a confirmar mais nele, que para se despacharem os soldados do Brasil, principalmente os que andam em campanha, não tem necessidade de mais certidão, que tomar o capítulo onze da segunda Epístola de São Paulo aos Corintos, firmada e jurada por seus generais, que bem o poderão fazer sem nenhum escrúpulo. Faz ali o apóstolo uma ladainha mui comprida de seus serviços e trabalhos, e diz assim: In laboribus plurimis, in carceribus abundantius, in plagis supra modum, in mortibus frequenter, etc.