com tais mãos. e obrando com tais instrumentos? Desfazia-se o povo em tributos, e mais tributos em imposições, e mais imposições em donativos, e mais donativos em esmolas, e mais esmolas, (que até à humildade deste nome se sujeitava a necessidade, ou se abatia a cobiça), e no cabo nada aproveitava, nada luzia, nada aparecia. Por que? Porque o dinheiro não passava das mãos por onde passava. Muito deu em seu tempo Pernambuco; muito deu, e dá hoje a Bahia, e nada se logra; porque o que se tira do Brasil, tira-se do Brasil; o Brasil o dá, Portugal o leva.
VII
Com terem tão pouco do céu os ministros que isto fazem, temo-los retratados nas nuvens. Aparece uma nuvem no meio daquela Bahia, lança uma manga ao mar, vai sorvendo por oculto segredo da natureza grande quantidade de água, e depois que está bem cheia, depois que está bem carregada, dá-lhe o vento, e vai chover daqui a 30, daqui a 50 léguas. Pois, nuvem ingrata, nuvem injusta, se na Bahia tomaste essa água, se na Bahia te encheste, por que não choves também na Bahia? Se a tiraste de nós, porque a não despendes conosco?(121)Nota do Autor Se a roubaste a nossos mares, por que a não restitues a nossos campos? Tais como isto são muitas vezes os ministros que vêm ao Brasil, e é fortuna geral das partes ultramarinas. Partem de Portugal estas nuvens, passam as calmas da linha, onde diz que também refervem as consciências, e em chegando, verbi gratia, a