primeiro Livro do Paralipomeno: Dicite, salva nos Deus Salvator noster.(7)Nota do Autor E por quê? Porque o salvar é efeito próprio de Salvador, e com o nome de Salvador não só inclinamos, e empenhamos, mas obrigamos a Deus a que nos salve, porque não seria Salvador, se não salvasse. Essa foi a impropriedade com que os Discípulos ainda rudes invocaram a Cristo no perigo da tempestade, dizendo: Magister, salva nos, perimus:(8)Nota do Autor Mestre, salvai-nos, porque perecemos. Não haviam de dizer, Mestre, senão, Salvador; porque a obrigação de Mestre é ensinar e não salvar. E se Cristo então os salvou, não foi como Mestre, senão como Salvador: Salva nos Salvator noster. Este mesmo, pois, foi o título com que Cristo na ocasião presente salvou a Bahia. Ela é cidade do Salvador, e ele salvou a sua cidade. Donde se segue, que mais a salvou como sua, que como nossa; e mais a salvou para si, que para nós.
É admirável a este propósito o texto de David no salmo 97: Cantate Domino canticum novum, quia mirabilia fecit: salvavit sibi dextera, ejus et brachium sanctum ejus(9).Nota do Autor Assim como nas grandes vitórias se costuma celebrar o valor dos capitães e soldados com letras ou cantigas novas; assim exorta David, que se componham e entoem novos cânticos ao Senhor pela admirável vitória, com que o seu poderoso braço salvou para si: Salvavit sibi. Isto de salvar Cristo para si é o primeiro reparo de Hugo Cardeal; e o segundo tambem seu, não é menos bem fundado. O primeiro funda-se no que diz o Profeta; o segundo no que não diz, porque não diz que