Por Brasil e Portugal

salvou, ou a quem. Pois se diz que salvou, e que salvou para si, Salvavit sibi, por que não diz o que salvou, ou a quem salvou? Não diz a quem salvou, responde Hugo, porque falava o Profeta de vitória futura; e do sucesso da mesma vitória se havia de entender de quem falava: Non dixit, quid salvavit, sed intelligendum reliquit. Suposto, pois, que do sucesso e da vitória havemos nós de entender o que Cristo salvou por meio dela. Eu entendo e digo que o que salvou foi a Bahia. E do mesmo texto que excitou a primeira questão, provo a resposta desta segunda. O texto diz que salvou Cristo para si: Salvavit sibi; logo, se salvou para si, sinal é que o que salvou era coisa sua. E como a Bahia é cidade do Salvador, bem se segue que salvando-a, salvou para si, porque salvou a sua cidade. O mesmo Hugo tão claramente como se eu lhe ditara as palavras: Benedixit, sibi, quia ad ipsum, non ad alium pertinebat salvatio. Muito bem e muito propriamente disse que salvou para si porque a ele, e não a outrem, pertencia salvar o que era seu. A cidade era do Salvador, e ao Salvador pertencia salvar a sua cidade. É verdade que também nós fomos salvos nela, pelo que devemos infinitas graças ao mesmo Salvador; mas ele, como dizia, não nos salvou a nós tanto por amor de nós, quanto por amor de si. Não é consideração minha, senão cláusula expressa do mesmo Senhor no nosso tema: Protegam urbem hanc (notai agora) et salvabo eam propter me: Tomarei debaixo de minha proteção esta cidade, para a salvar por amor de mim. De maneira que não só diz que há de salvar a cidade, mas expressa, e nomeadamente, que a há de salvar por amor de si. Nós salvos por amor da cidade, porque somos membros da cidade; mas a cidade salva pelo Salvador, porque é sua, e por amor de si: Propter me.