Por Brasil e Portugal

non scandalizemus eos, vade et da eis pro me et te.(242)Nota do Autor Resolveu que sem embargo de serem privilegiados, pagassem o tributo; porque seria matéria de escândalo, que quando pagavam todos, não pagassem eles. Pois se nos casos comuns lhe parece bem a Cristo que paguem tributos os nobres, a quem isentam as leis; quanto mais em um caso tão extraordinário e maior que pôde acontecer em um reino, em que se arrisca a conservação do mesmo reino, do mesmo rei e a mesma Nobreza?

Por duas razões principalmente me parece que corre grande obrigação à nobreza de Portugal de concorrerem com muita liberalidade para os subsídios e contribuições do reino. A primeira razão é, porque as comendas e rendas da Coroa, os fidalgos deste reino são os que as logram e lograrão sempre; e é justo que os que se sustentam dos bens da Coroa com seus próprios bens: Qui de manu tua accepimus, dedimus tibi. Não há tributo mais bem pago no mundo que o que pagam os rios ao mar. Continuamente estão pagando este tributo, ou em desatados cristais, ou em prata sucessiva (como dizem os cultos), e vemos que para não faltarem a esta dívida, desentranham as fontes e se despenham as águas. Pois quem deu tanta pontualidade a um elemento bruto? Por que se despendem com tanto primor umas águas irracionais? Porque é justo que tornem ao mar águas que do mar saíram. Não é o pensamento de quem cuidais, senão de Salomão. Ad locum, unde exeunt, flumina revertuntur:(243)Nota do Autor Tornam os rios perpetuamente ao mar (e em tempos tempestuosos com mais pressa e muito tributo); porque, mais ou menos grossas, do mar recebem todos suas correntes. Que injustiça fora da natureza, e