Por Brasil e Portugal

Ego feci, ego feram: Eu o fiz, eu o sustentarei, diz por Isaías. A razão com que o Filho de Deus se animou à conservação tão dificultosa e tão penosa de Adão foi com se lembrar que ele o fizera: Ego feci, ego feram. Para se persuadir a ser Redentor, lembrou-se que fora Criador; e para conservar a Adão com todo o sangue, lembrou-se que o fizera com uma palavra. Nobreza de Portugal, já fizestes ao rei, conservá-lo agora é o que resta, ainda que custe: Ego feci, ego feram. Muito foi fazer um rei com uma palavra; mas conservá-lo com todo o sangue das veias será a coroa de tão grande façanha. Sangue e vidas é o que peço; que a tão ilustres e generosos ânimos, petição fora injuriosa falar em fazenda.

VIII

Resta que obrigação absoluta de pagar tributos, só o terceiro estado a tenha. E assim o diz o nosso passo, que, como até agora nos acompanhou, ainda aqui nos não falta. Da boca do peixe tirou São Pedro a moeda para o tributo, mas perguntará algum curioso, que peixe era este, ou como se chamava? Poucos dias há que eu me não atrevera a satisfazer a dúvida; mas fui-a achar decidida em um autor estrangeiro de nossa Companhia, chamado Adamus Conthzem,(244)Nota do Autor pode ser que seja mais conhecido dos políticos que dos escriturários; mas em uma e outra coisa e muito doutro. Diz este autor, falando do nosso peixe: Piscis est apud Plinium, qui Faber dicitur, et piscis Sancti Petri Christianis: que é este um peixe, ao que hoje os cristãos chamam peixe de São Pedro; e