Por Brasil e Portugal

que para vencer muitos milhares de homens a cavalo, basta uma só mulher, e essa a pé. Esta é a cavalaria, e estas são as cavalarias de Deus. Agora entendo eu um lugar dos Cantares, que não se o entendem todos: Equitatui meo in curribus Pharaonis assimilavi te, amica mea. (Cant. I — 8) Sabeis com que vos pareceis, amiga minha? Diz Deus, parecei-vos com a minha cavalaria: Equitatui meo assimilavi te. Pois com a sua cavalaria compara Deus uma mulher? Sim. Porque para desfazer 22 mil cavalos, como os que estavam sobre Betúlia, parece que era necessário grande número de cavalaria, e o que havia de obrar toda essa cavalaria, obrou só Judith em uma sortida que fez a pé, porque era amiga de Deus: Equitatui meo assimilavi te, amica mea.

Mas é muito mais dificultoso neste passo que não fala Deus de qualquer cavalaria sua, senão da cavalaria com que desbaratou o exército d'el-rei Pharaó no Mar Vermelho: Equitatui meo in curribus Pharaonis assimilavi te. Deus quando venceu a Pharaó, não pelejou com cavalaria porque o seu povo vinha fugitivo do cativeiro, todos a pé, ninguém a cavalo. Pois se não havia cavalos da parte do povo, por quem Deus pelejou e venceu; que cavalaria é esta sua: equitatui meo? Responde Ruperto abade, (e é a razão literal) que a cavalaria de Deus nesta vitória foi a vara de Moisés, porque com ela abriu caminho ao povo pelo Mar Vermelho, e com ela se suspenderam as ondas que sepultaram a Pharaó e seus carros. Pois uma vara é a cavalaria de Deus? Sim, uma vara. Porque dependem tão pouco as vitórias de Deus da mais ou menos cavalaria dos exércitos, que uma vara que pudera servir, quando muito, para açoitar um cavalo, bastou para romper e desbaratar toda a cavalaria do Egito. Façamos por ter a Deus por nós, e seja embora o poder que temos contra nós, superior na sua cavalaria. Quem