Por Brasil e Portugal

em ambos os arraiais as ideias da guerra; a qual no general inimigo, e nos nossos se fazia já só com o pensamento: o do inimigo posto na retirada, e o dos nossos, em que se não pudesse retirar. Como contra as suas duas batarias tinhamos em frente outras duas, e a terceira pelo lado esquerdo, que lhe desquartinava todos os quartéis, só restava a quarta pela retaguarda.(69)Nota do Autor E me constou então (donde só podia constar com certeza) que levantada esta ocultamente entre o bosque da eminência oposta, na manhã em que cortadas as árvores aparecesse, tendo-se lançado na campanha de noite dois mil infantes, e batendo-se ao mesmo tempo de todas as quatro partes o arraial inimigo, se lhe mandaria recado por um trombeta, que se entregasse, pois já não tinha defensa, nem retirada. Este era o galhardo pensamento dos nossos generais, em que o inimigo de sitiador ficaria sitiado, e nós, com roda de fortuna poucas vezes vista, de sitiados, sitiadores. Antecipou-se, porém, o medo ao valor, a cautela ao perigo, e a fuga secreta do inimigo à publica declaração do nosso desígnio, de que quase estou queixoso de Santo Antonio. No texto que acima referimos do poder de todos os santos, os quais nesta defensiva representou a pessoa de Santo Antonio, se afirma com termos bizarros, que eles, quando pelejam, não só atam as mãos aos inimigos com algemas, senão também os pés com grilhões: Ad alligandos reges eorum in compedibus, et nobiles eorum in manicis ferreis.(70)Nota do Autor Pois se o nosso vitorioso defensor lançou as algemas ao inimigo, por que o não pôs também em grilhões? Se lhe atou as mãos para que não pudesse mais pelejar, por que lhe não atou também os pés para que não pudesse fugir?