Por Brasil e Portugal

Propter metum judeorum. A ousadia é a metade da vitória, e quem temeu ao inimigo, já vai vencido.(88)Nota do Autor Ouçamos a um dos mais bem disciplinados soldados, e mais experimentados capitães, que houve no mundo: Exaudi Deus orationem meam cum deprecor: (Psalm. LXIII — 1) Ouvi, Senhor (diz David) a minha oração, ou a minha deprecação, que é propriamente quando pedimos a Deus que nos livre de algum mal. E de que pedia David que o livrasse Deus? Do temor do inimigo; A timore inimici eripe animam meam. Não diz que o livre do poder, das armas, e das astúcias do inimigo, senão do seu temor, isto é, de que ele, David, o temesse. Como se dissera, se eu temer ao meu inimigo, ainda que o meu poder seja maior, ele me vencerá a mim; mas se eu o não temer, ainda que seja maior o seu, eu o vencerei a ele. Por isso, Senhor, vos peço, não que me livreis dos seus exércitos, nem das suas forças iguais ou superiores, senão de que o meu coração o tema; A timore inimici eripe animam meam. Falava David como quem sabia por experiência a ordem com que Deus como Senhor dos Exércitos os dispõe quando quer dar ou tirar a vitória. Quando Deus quer dar a vitória, ainda que o poder seja pouco e desigual, põe na vanguarda o medo, e tanto que o medo investe os inimigos, por muitos e fortes que sejam, logo os obriga a voltar as costas, e ficam os muitos vencidos dos poucos. e os poucos vencedores dos muitos. Assim o fez Deus muitas vezes, e o prometeu expressamente no capítulo XXIII do Êxodo, segurando aos israelitas, que quando entrassem na conquista da terra de promissão, mandaria diante dos seus exércitos o seu medo, o qual logo poria em fugida a todos os inimigos; Terrorem meum mittam in proecursum tuum, et occidam omnem