Quando o mesmo Filho de Deus, armado só da humanidade de que se vestira, veio restaurar o mundo e restituir à sua obediência o gênero humano, que debaixo da tirania do demônio se lhe tinha rebelado, o bando que mandou lançar para que se alistassem os que quisessem debaixo das suas bandeiras, dizia assim: Si quis vult venire post me, tollat crucem suam, et sequitur me; Todo o que me quiser acompanhar nesta guerra, tome ao ombro a sua cruz e siga-me. Vide quomodo militem suum Rex caelorum armet; Vede, diz São João Antioqueno, as armas com que o Rei do céu arma os seus soldados; Non dedit scutum, non galeam, non thoracem, sed quod his omnibus firmius ac valentius est, praesidium à cruce, et symbolum victorae; Não os arma com escudos nos braços, nem com murriões na cabeça, nem com peitos fortes sobre o coração; mas arma-os com uma arma mais firme, mais forte, e mais invencível que todas, que é a cruz, na qual levam juntamente a defensa para a guerra, e o sinal da vitória; Prosidium à cruce, et symbolum victoriae. Com estas armas, pois, se armem, e nestas armas ponham toda a confiança os nossos valorosos soldados, e se se fiarem também das que são próprias do braço português, fiem-se mais das cruzes, que dos fios da espada. De um soldado português disse um poeta também nosso, que levava.
A vida própria, e a morte alheia.
Nos fios da espada que meneia.
Mas isto por quê? Porque as cruzes estão tão perto dos punhos.
Tenham logo por certo e certíssimo todos os que assim armados ou entrarem nas batalhas, ou assaltarem os muros, ou assediarem as cidades, que não haverá nem soldados tão valentes, nem cabos tão experimentados,