"...Realizamos um assalto à Bahia, com 20 navios e 2.500 soldados, a fim de tomarmos vingança dos danos que Luiz Barbalho ocasionou nas regiões por nós ocupadas, e incendiamos, e destruímos para sempre 27 engenhos, alem de povoações e casas particulares, de sorte que na Bahia só restam oito engenhos..." (Cit. de Rodolfo Garcia, nota a Porto Seguro, História Geral do Brasil, II, 389). Esteve a cidade a termos de resistir a novo, feroz ataque, porém desta vez mais propício ao belga, desde que a armada do conde da Torre levara da praça os seus melhores defensores. Então — por 15 dias, enquanto ardiam os engenhos do recôncavo — as igrejas permaneceram abertas e os pregadores se revezaram no púlpito. O último desses sermões disse-o Antonio Vieira da tribuna da Ajuda. "É este o último de 15 dias contínuos, em que todas as igrejas desta metrópole têm representado deprecações..."
O sermão era proferido em tais extremos de dor, ansiedade e revolta. Mais que os outros devia sofrê-los Vieira, que desde os tenros anos vira, em rolos de fumo, elevar-se daquela terra amada as labaredas do incêndio que uma vez lhe consumira a casa, outra envolvera o Colégio. Conta frei Vicente do Salvador que, durante o cerco de 1624-1625, "faziam posto (os holandeses) em a casa de Cristovão Vieira, escrivão dos agravos...", "depois derribaram e puseram fogo à casa..." (História do Brasil, 3ª ed., pág. 524). Cristóvão Vieira era seu pai. Escrevera as Cartas Ânuas historiando os episódios da reconquista e salvação do Brasil. Amadurecera a inteligência aplicando-a ao bem público, na sua irresistível vocação de diretor espiritual, que havia de fazê-lo homem de Estado, diplomata, conselheiro e político, a roçar a