Os mitos africanos no Brasil: ciência do folclore

FICHA N.º 190 — 1, 2, Bahia — 3, Recôncavo — 4, Capital — 5, A MULHER PERVERSA — 6, Fábula — 7, 8, Marido. Mulher. Outras pessoas. Quibungo. A Cachorra — 9, Feição afronegra — 12, A inconsciência da mulher que desmoraliza o marido — 23, Mulher de aluifá— 25, S. Carneiro.

MULHER PERVERSA.

Havia um homem que, por nunca ter sido apanhado numa mentira, era havido conto o primeiro e o mais sério do lugar. Aconteceu que ele, indo fazer uma viagem, voltou do caminho e contou à mulher o motivo porque não a faria mais.

— Encontrei um lobo com o espinhaço aberto. Supus que estivesse morto e aproximei-me. Era uma outra boca, até com dentes, que me pareceu capaz de esconder um elefante. Fiquei admirado, mas o bicho estava vivo. Abriu os olhos, levantou-se e meteu-se nos matos, sem me ofender.

A mulher não acreditou, logo ideando ser aquilo um estratagema do marido. Riu-se muito dele se encontrar com Quibungo, dissimulando o ódio que lhe nasceu contra o homem.

Logo depois chegaram outras pessoas e ela se apressou em contar porque o marido voltara da viagem, mas o fez de tal modo, fingindo-se ingênua, com o intento de desmoralizá-lo, que ninguém acreditou nele.

— Pois você, que toda, a vida falou verdade, querer nos enganar com esse Quibungo! Há muito que ele não aparece.

O homem calou-se. No dia seguinte, meteu-se no mato à procura do lobo da boca nas costas. Achou-o à beira da fonte, sentado, deixando ver os pés e o mãos humanas. Reparou-o melhor, admirado dele estar

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