A CANTIGA DO JARDINEIRO
Numa terra cujo nome não me lembro mais, havia uma senhora que perdera todos os parentes, só lhe restando um filho. Sentindo que ia morrer, chamou o rapaz, deu-lhe uns conselhos e cantou, até que ele aprendesse, uma cantiga muito linda de um jardineiro que era amado por uma princesa também muito linda. E, por haver empobrecido, a mulher outra coisa não pôde legar ao filho senão um Chibamba que lhe aparecera dias antes.
O moço, vendo-se só no mundo, resolveu deixar a terra assim que a senhora morreu, vestindo, sobre a sua de príncipe, uma roupa de trabalhador. O passarinho, que vivia solto, acompanhou-o, pulando de galho em galho, saltando em cima das frutas que lhe pudessem servir de alimento, espantando também a tristeza da viagem com o seu canto alegre e harmonioso.
Depois de andarem muitos dias, deram num lugar muito bonito, empregando-se o como como jardineiro do palácio de uma prinecesa muito linda, noiva de um príncipe que tinha fama de ser o homem mais feioso que já havia nascido na terra.
A princesa entretanto, — apreensiva com o destino do pai, empenhado numa guerra de muitos anos, — não ligava importância ao jardim, nem ao jardineiro e talvez nem mesmo se lembrasse de suas existências bem perto dela. Aconteceu, porém, que um médico muito velho, de passagem por aqueles lugares, indo visitar prinecesa e achando-a muito triste e acabrunhada, aconselhou-a a despertar bem cedinho, antes do nascer do sol, e respirar o ar puro, mesmo que não saísse do quarto.
A moça, com medo de morrer tão na flor da idade e tão formosa, fez o que o médico mandou. Ao cantar