História das guerras e revoluções do Brasil, de 1825 a 1835

sensível a friagem, aliás, de pouca monta para os alemães. As tropas das províncias do Norte do Brasil e, entre elas, principalmente os pernambucanos e baianos, sofriam muito mais do que nós e observavam, com admiração e espanto, a possibilidade da água transformar-se numa massa sólida sob a ação do frio. Até um coronel, que então comandava a primeira brigada, notou com pasmo este fenômeno novo para ele, partiu um pedaço d'água gelada e quis, muito seriamente, guardá-lo como uma raridade e remetê-lo para a sua província natal de Pernambuco. Entretanto, tinham as tropas, quase desnudas, que permanecer, no mais intenso do frio, em armas, desde as duas, o mais tardar as três horas da madrugada até às nove ou dez da manhã, porque o tímido visconde receava nesta parte do dia, a todo o momento, uma agressão dos argentinos. Como seria possível que, com semelhante tratamento, o exército pudesse estar satisfeito — como pensar em querer impedir deserções e suicídios?

Enquanto assim permanecíamos inativos e cercados de mil aflições, longe da capital do império, tendo presente a toda hora a mais ignominiosa das mortes, paralisados num miserável acampamento, precipitou-se uma medonha tempestade sobre o Rio de Janeiro e o trono oscilante de D. Pedro. O firmamento político do Brasil, por mais estrelas que ostente na heráldica e por mais azul que ali se apresente, havia muito