História das guerras e revoluções do Brasil, de 1825 a 1835

o dum parente ou o dum amigo, excitavam naturalmente o povo à sangrenta vingança. Inexplicavelmente, porém, tudo se conservou assaz tranquilo, de modo que os gritos de "Mata os cachorros estrangeiros!", que soou em várias partes da capital nenhum efeito produziram. Por mais desiguais que fossem as partidas, pois os brasileiros podiam, facilmente, pôr em armas vinte mil homens contra os alemães, talvez, ainda em número de dois mil, os primeiros estavam tão abalados pela tresloucada coragem revelada, nos dias precedentes, por alguns soldados dos batalhões estrangeiros, que tudo se limitou à vozerias, não ocorrendo uma só agressão contra os forasteiros, na maioria desarmados, apesar do cego rancor do populacho. A oposição que, com todos estes sucessos ganhara grande força, impelia a multidão já excitada a se desfazer, não com palavras e sim com as armas na mão, destes poucos estrangeiros e, a todos, não só aos militares como aos negociantes, aos artífices e aos artistas, deportarem para a sua pátria; mas, não era ainda chegado o tempo propicio à realização dum plano tão injustamente generalizado. Ninguém se viu, com isto, mais embaraçado do que o próprio D. Pedro, a quem, de todos os lados, apertavam violentamente para que abolisse o corpo de estrangeiros. Mas, como o imperador se imbuíra da persuação de que o seu trono e, talvez, a sua vida, só podiam ser garantidas pela proteção dos mesmos