História das guerras e revoluções do Brasil, de 1825 a 1835

em Portugal inteiro com a máxima animadversão, eram sempre da opinião de que a subordinação militar e a disciplina só podiam ser mantidas à custa de chibatadas e procediam, por isso, sem consideração às pessoas e ao caráter dos delinquentes, com uma crueldade que, não raro, lembrava estar-se num país no qual ainda dominava o regímen servil. Como, além disto, lhes falecessem quaisquer predicados de educação e os conhecimentos exigidos pelo seu elevado posto, eram estes majores intensamente odiados pelos seus subordinados e mesmo desprezados, e só por meio dum rigor que ultrapassava todos os limites, conseguiam manter a disciplina militar, tão necessária em qualquer exército. O abuso da autoridade confiada a estes indignos indivíduos, foi a primitiva causa do levante dos batalhões estrangeiros, e a culpa do sangue derramado nos dias da sedição recaiu única e exclusivamente sobre o conde de Rio Pardo e a sua imbecibilidade patriótica. Se se tivesse agido imparcialmente; se se houvesse conferido aos alemães e aos irlandeses direitos iguais; se não se tivesse agregado aos batalhões alemães os tais majores portugueses, não haveria sido a temer nenhuma revolução. Mas, de como o governo brasileiro sempre procede de modo contrário do que deve fazer, mostrou, mais uma vez, este caso, pois, em lugar de empregar aquelas tropas, com infinito proveito, contra a Argentina, fez com que se lhe transformassem em temeroso perigo.