História das guerras e revoluções do Brasil, de 1825 a 1835

mesmo homem, o mesmo Lima, que apenas agira em proveito da sua ambiciosa individualidade, pôde, poucos meses após, bradar aos seus compatriotas: "O que fiz foi por amor de vós e da nossa pátria!" Esquivo e cauto, como as serpentes mosqueadas de sua terra, que esgueirando-se lentamente na relva, evitam a pisada humana, havia até então proseguido o governador com os seus planos de futuro. Havia muito tempo que estava em relações com a maioria dos deputados; mas, como se os cobrisse uma máscara de ferro, os traços reais da sua pérfida fisionomia haviam escapado, tanto ao imperador, como ao conde de Rio Pardo, aliás, em vários sentidos, muito obtuso. Agora, que o imperador estava bastante longe e não havia a temer o seu pronto regresso, manifestou-se mais atrevido e arrogante, mas sempre de forma a ter segura a retirada. Governador, então, da província do Rio de Janeiro e, como tal, chefe de todas as tropas estacionadas naquela parte do império, cuidou primeiramente de ganhar a afeição dos seus subordinados, não poupando esforços para o conseguir.

Junto a alguns batalhões de caçadores brasileiros logrou quase o seu intento; menos efeito devia, porém, produzir a sua arte de persuadir junto à artilharia montada, a guarda de honra e o batalhão do imperador, os melhores e seletos corpos do exército, pois estes, no dia da abdicação forçada de D. Pedro, recordaram-se do juramento