prematuro rigor. Ninguém mais, de noite, estava seguro da sua vida ou da sua honra; a qualquer cidadão que pacificamente seguia caminho de sua casa, cercavam estes furiosos e, erguendo os cacetes e punhais, perguntavam: "Quem vive!" Ai! do infeliz que respondesse: "Dom Pedro I!", pois, era imediatamente trucidado. Penetravam nas vendas, exigiam violentamente vinho, aguardente e cigarros e por fim o bando semiébrio seguia avante, sem pagar o mísero vendeiro. Os portugueses eram as suas vítimas mais frequentes, pois, a morte destes tinha sido cem vezes jurada, por serem considerados adeptos naturais do imperador, e por que, não sem razão, esperavam encontrar em seu poder mais dinheiro. Já agora estava proferido o prólogo da tragédia que não tardaria começar. Não chamo à própria revolução de 7 de abril uma tragédia, porque na realidade não pôde ser considerada senão como uma caça à lebre, na qual o tímido D. Pedro, perseguido por adestrada matilha, pôs-se em fuga, antes mesmo que os caçadores pudessem disparar as suas espingardas; mas, as suas consequências e os incontáveis assassinatos que a precederam e lhe sucederam, foram bastante trágicos. Não havia uma só manhã em que, ao clarear o sol as ruas da capital, estas não aparecessem avermelhadas do sangue dos assassinados.