Enquanto na capital tudo andava assim subvertido, o soberano deste país imenso prosseguia, tranquilamente, com a sua viagem na província de Minas Gerais, e vivia já, em São João Del Rei, ao lado da sua formosa consorte, como outrora Marco Antonio ao lado da sedutora Cleópatra, despreocupado do destino reservado ao seu império e à sua própria pessoa. O par imperial tinha, em todo o caminho, sido recebido com vaidoso júbilo; principalmente a jovem imperatriz, filha do cavalheiresco Eugenio Beanharnais, provocava a admiração de todos, que nela pensavam rever ressuscitada a imortal Leopoldina da Áustria, primeira esposa do imperador e senhora altamente venerada pelo povo. Flores de todas as cores adornavam os caminhos por que passavam os soberanos, por toda a parte estavam erguidos arcos triunfais, e os vivas não cessaram desde o momento em que o imperador transpôs a província do Rio de Janeiro até que chegou à São João Del Rei.
Ante tais demonstrações, D. Pedro julgou fácil ganhar o povo para os seus planos de abolir a constituição e implantar um governo absoluto. Mas, quando em alguns dos seus raros momentos lúcidos, meditava sobre o modo melhor de isto realizar, os seus inimigos na capital já haviam agido energicamente e, como um raio, chegou subitamente aos seus ouvidos a notícia de que os deputados, sem terem sido convocados, e apesar