Em meio dessa geral fermentação, regressou D. Pedro ao Rio de Janeiro. Sobre a capital pairava uma atmosfera política, morna e sufocante; a desconfiança era geral, os próprios pais suspeitavam dos filhos. A tormenta não devia tardar em se desencadear, pois, as nuvens, prenhes de desgraças, já ameaçavam de contato os pináculos das torres do Rio; no mesmo instante em que se espalhou a notícia do regresso do imperador, a câmara dos deputados decretou a dissolução de todos os corpos de tropas estrangeiras.
O soberano foi recebido com frieza; apenas a garotagem corria atrás do seu carro gritando: "Viva o Imperador!" A gente mais rica procurava evitar qualquer encontro com ele, receando as agressões do populacho; e este, composto principalmente de mulatos, acompanhava a sua passagem de insultos, votando-o em altas vozes, às profundezas do inferno. Em vez duma solene recepção, apresentaram-lhe, para que o assinasse, o citado decreto da câmara.
Horrorizado, procurou D. Pedro os amigos que lhe haviam jurado fidelidade até à morte; mas, onde estavam eles? Uns, em face da precária situação das cousas, tinham-se aliado, prontamente, ao partido oposto; outros, erguendo, timidamente, os ombros, preferiram a neutralidade; os poucos que, dominados pela consciência do dever e da lealdade, ainda permaneceram, com inabalável firmeza ao seu lado,