História das guerras e revoluções do Brasil, de 1825 a 1835

fiador do fato dum compromisso desta ordem entre a França e o Brasil. Conto aqui apenas o que então se presumia no país inteiro e era repetido abertamente sem temor.

Nós, os trezentos alemães que nos achávamos no Rio, aguardávamos com intensa ansiedade o regresso do imperador à capital. Desde o começo, os brasileiros nos tinham odiado sem motivo e, na verdade, quanto a nós, não os amávamos; amarguras, ódio nacional e um rancor havia anos comprimido, haviam afiado as nossas espadas e baionetas; uma carnagem, por mais sangrenta que resultasse, ter-nos-ia sido cordialmente bem-vinda.

Um drástico testemunho da recíproca hostilidade já fora dado, conforme vimos, pelo levante das tropas estrangeiras, quando de ambos os lados foram praticados, sem piedade, os mais horríveis assassinatos; agora, porém, o furor seria ainda mais desenfreado; qualquer alemão que caísse em mãos dos brasileiros, bem como qualquer dos últimos que caísse em poder dos primeiros, estaria irremediavelmente perdido. Os meus compatriotas deixaram, naqueles momentos, de ser germanos; um ardente sangue meridional parecia ferver-lhes nas veias; de bom grado se deixariam cortar em pedaços, contanto que uma dúzia dos seus inimigos jurados os acompanhassem ao inferno.