Nisto, um único português, a pistola carregada em punho e a espada presa ao pulso por uma correia, atravessou correndo por entre os bandos do populacho, e bradou aos mulatos reunidos: "Viva Pedro primeiro!" O seu aspecto selvagem e as roupas tintas de sangue indicavam que vinha de árduo trabalho e, apavorada, a multidão vozeante, dispersou-se como as folhas secas ao sopro do vendaval. Isto é suficiente para demonstrar com que facilidade se poderia ter posto em fuga aqueles bandos, não fosse a falta duma boa matilha.
A exemplo do que acontecera ao tempo do levante das tropas estrangeiras, no palácio imperial de São Cristovão, o primeiro dia da revolução decorreu em despreocupada inatividade; esperava-se que o incêndio se extinguisse por si mesmo; mas, a contínua chegada de notícias alarmantes, o crepitar longínquo do tiroteio, o rolar das pesadas viaturas da artilharia, tudo isto testemunhava a necessidade de agir com presteza e energia para atalhar a desordens.
Por isso as tropas foram postas de prontidão e fartamente providas de cartuchos embalados. D. Pedro ficara alarmado, percebendo que a sua coroa e o seu cetro estavam em jogo; por fim, resolveu-se a descer ao Rio de Janeiro, para verificar, pessoalmente, o que havia de verdade nos boatos espalhados e, caso fosse preciso, tomar as mais severas providências. Seguido duma escolta