História das guerras e revoluções do Brasil, de 1825 a 1835

ocular, mas que são tanto mais dignas de crédito quanto mais correspondem ao caráter do ex-imperador. Quero referir apenas uma delas no final desses "Subsídios para a história revolucionária do Brasil."

Mal chegou o imperador a bordo da fragata inglesa, e teve certeza de estarem em segurança os seus tesouros, logo pegou duma rabeca e fez soar das suas cordas a mais ignobil das canções populares brasileiras. Um dos cortesões que o tinham acompanhado na fuga, pensou angariar ainda maior favor no ânimo do seu senhor, com um pilherico improviso, dizendo que só um Frederico Segundo (sic) seria capaz de tamanha firmeza e longanimidade. O bajulador não conhecia sequer os grandes feitos do grande Frederico pela história universal, e sim apenas por algumas notícias de jornais que, aqui e ali, aludem ao herói imortal.

— "Ora!" respondeu D. Pedro ao lisonjeiro, que grande perda sofri eu! Ali, tinha que me torturar com os cuidados do governo, e na Europa viverei de futuro em despreocupado farniente, e quanto muito tocarei, para deleite dos circunstantes, um miudinho.

Quem assim pensa não merece, na minha opinião, ser portador duma coroa, pois só a poucos é concedida tão alta ventura, e estes não a devem levianamente desdenhar.